quinta-feira, julho 31, 2008

Maio de 68, por Cohn-Bendit, Wolinski, Siné et ali




















Wolinski, Cohn-Bendit, Cabu, Gebé, Siné, Cavanna. Mai 68. Paris: Michel Lafon, 2008.

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sábado, julho 26, 2008

Panacea Phantastica, por Adriana Varejão














Detalhes do trabalho "Panacea Phantastica," de Adriana Varejão, em exposição permanente no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, MG, Brasil.

sexta-feira, julho 25, 2008

A cortesia dos cegos, por Wisllawa Szymborska


Evgen Bavcar, O Moisés de Michelângelo.

"O poeta lê seus versos para os cegos.
Não esperava que fosse tão difícil.
Sua voz fraqueja.
Suas mãos tremem.

Ele sente que cada frase
está submetida à prova da escuridão.
Ele tem que se virar sozinho,
sem cores e luzes.

Uma aventura perigosa
para as estrelas da poesia,
para as manhãs, o arco-íris, as nuvens, os neons, a lua,
para o peixe tão cintilante sob a água
e o falcão tão alto e quieto no céu.

Ele lê -- pois já não pode parar --
sobre o menino de casaco amarelo num campo verde,
telhados vermelhos que se contam no vale,
números irrequietos na camisa dos jogadores
e a desconhecida, nua, na fresta da porta.

Ele gostaria de omitir -- embora seja impossível --
todos os santos no teto da catedral,
a mão que acena do trem à partida,
a lente do microscópio, o anel e seu brilho,
as telas de cinema, os espelhos, os álbuns de
fotografia.

Mas é enorme a cortesia dos cegos,
admirável a sua compreensão, a sua grandeza.
Eles escutam, sorriem e aplaudem.

Um deles até se aproxima
com o livro de cabeça para baixo
pedindo um autógrafo invisível."

SZYMBORSKA, Wisllawa. "A cortesia dos cegos".

quinta-feira, julho 24, 2008

Porcarias, por Marie Darrieussecq


Paul McCarthy, Mechanical Pig (detalhe), 2005.

"Sei que esta história poderá causar confusão e angústia, que vai perturbar as pessoas. Imagino que o editor que aceitar a responsabilidade deste manuscrito vai se expor a infinitos aborrecimentos. Talvez ele não seja poupado da prisão, e desde já quero pedir desculpas pelo transtorno. Mas preciso escrever este livro sem mais tardar, porque se me encontrarem no estado em que estou agora, ninguém vai querer me escutar nem vai acreditar em mim. Ora, segurar uma caneta me dá cãibras horríveis. Também me falta luz, sou obrigada a parar quando a noite cai, e escrevo muito, muito devagar. E nem vou contar a dificuldade que foi encontrar este caderno, nem falar da lama que suja tudo, que dissolve a tinta que mal secou. Espero que o editor que tiver a paciência de decifrar esta letra de porco leve em conta os esforços terríveis que faço para me concentrar e tento recuar o mais longe que posso, isto é, a logo antes dos acontecimentos, consigo encontrar as imagens. Devo confessar que a vida nova que estou levando, as refeições simples com que me contento, esta morada rústica que me satisfaz plenamente e esta espantosa aptidão para suportar o frio que descubro conforme o inverno vai chegando, tudo isso me leva a não ter saudades dos aspectos mais sofridos da minha vida de antes. Recordo que quando tudo começou eu estava desempregada e que a procura de um trabalho era um tormento que hoje eu já não compreendo. Suplico ao leitor, e mais ainda ao leitor desempregado, que me perdoe essas palavras indecentes. Mas neste livro, infelizmente, as indecências não vão ser poucas; e rogo a todas as pessoas que possam se sentir chocadas que me desculpem."
DARRIEUSSECQ, Marie. Porcarias. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 7-8.

Parábola sobre o moralismo "politicamente correto", Porcarias é um romance que explora o tema literário da metamorfose dentro de uma linhagem que vai de Ovídio e La Fontaine a Kafka e Ionesco. Permeado por um humor que beira o escatológico, o romance de Marie Darrieussecq é a história de uma vendedora de perfumaria que se prostitui para seus clientes e cujo corpo vai paulatinamente se transformando. Sob essa trama insólita, insinua-se a sátira de uma sociedade obcecada pelo culto ao corpo e à saúde, a caminho do fascismo e da perversão sexual -- uma sátira que, contada do ponto de vista zoomórfico do narrador, demonstra que o escárnio é a melhor forma de resistência aos lugares-comuns às verdades bestializantes do puritanismo contemporâneo.

sexta-feira, julho 11, 2008

War Disney


Stencil em Buenos Aires, Argentina.

"Já que, desde sua origem, o campo de batalha é um campo de percepção, a máquina da guerra é para o polemarco [comandante] um instrumento de representação, comparável ao pincel e à palheta do pintor. É conhecida a importância da representação pictórica nas seitas militares orientais, em que a mão do guerreiro passava facilmente do manejo do pincel à arma branca, assim como, tempos depois, a mão do piloto disparava uma câmera ao acionar uma arma. Para o homem de guerra, a função da arma é a função do olho. É normal, portanto, que o violento rompimento cinemático do continuum espacial -- deflagrado pela arma aérea -- e os fulminantes progressos das tecnologias da guerra tenham literalmente explodido, a partir de 1914, a antiga visão homogênea e engendrado a heterogeneidade dos campos de percepção. A metáfora da explosão é, desde então, correntemente empregada tanto na arte quanto na política".
VIRILIO, Paul. Guerra e cinema. São Paulo: Boitempo, 2005, p. 48-49.

terça-feira, julho 08, 2008

Public Sculpture


Alexandre da Cunha, Public Sculpture (Puff 1), 2008, tubo de concreto e espuma, 150x150x38

ALEXANDRE DA CUNHA

Preview: 28 June, 2008: 14:00- 17:00pm
Duration: 02 August, 2008
Location: Galeria Luisa Strina
Rua Oscar Freire, 502 - São Paulo

segunda-feira, julho 07, 2008

Cavalo Azul (Blaues Pferd I)


Franz Marc, Cavalo Azul, 1911.

O Julgamento de Paris


Niklaus Manuel, O julgamento de Paris, 1517-18.

domingo, julho 06, 2008

Os Cegos, por Chales Baudelaire


Pieter Bruegel, Parábola do cego guiando o cego (detalhe), 1568.

"Contemplai-os, ó minha alma; eles são pavorosos!
Iguais aos manequins, grotescos, singulares,
Sonâmbulos talvez, terríveis se os olhares,
Lançando não sei onde os globos tenebrosos.

Suas pupilas, onde ardeu a luz divina,
Como se olhassem à distância, estão fincadas
No céu; e não se vê jamais sobre as calçadas
Se um deles a sonhar sua cabeça inclina.

Cruzam assim o eterno escuro que os invade,
Esse irmão do silêncio infinito. Ó cidade!
Enquanto em torno cantas, ris e uivas ao léu,

Nos braços de um prazer que tangencia o espasmo,
Olha! também me arrasto! e, mais do que eles pasmo,
Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?"

BAUDELAIRE, Charles. "Os cegos," in: As Flores do Mal.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 343.

sábado, julho 05, 2008

Das Undbild, por Kurt Schwitters


Kurt Schwitters, Das Undbild, 1919.

quinta-feira, julho 03, 2008

Fanta & Utopia

"Na sua recusa em aceitar como finais as limitações impostas à liberdade e à felicidade pelo princípio de realidade, na sua recusa em esquecer o que pode ser, reside a função crítica da fantasia."
MARCUSE, Herbert. "Fantasia e Utopia," in Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. Rio de Janeiro: LTC, 1999, p. 138.

"In its refusal to accept as final the limitations imposed upon freedom and happiness by the reality principle, in its refusal to forget what can be, lies the critical function of phantasy."
MARCUSE, Herbert. "Phantasy and Utopia," in Eros and Civilization: a philosophical inquiry into Freud. Boston, Beacon Press, 1992, p. 149

Acima, garrafa de Fanta -- Conhecida marca de refrigerante da Coca-Cola, criada em plena 2a. guerra mundial para solucionar as restrições que determinavam o fim das relações comerciais entre os EUA e a Alemanha nazista. O nome da bebida é derivado da palavra alemã "Fantasie," ou fantasia.

Above, Fanta's bottle -- Famous Coca-Cola's soft-drink, created in World War II to solve the restrictions that determinated the end of commercial relations between USA and Nazi Germany. The drink's name is derived from the German word "Fantasie," or Phantasy.

terça-feira, julho 01, 2008

O impulso lúdico de Friedrich Schiller


Busto do poeta, dramaturgo e filósofo alemão Friedrich Schiller (1759-1805). Estátua de mármore feita por Theodor Wagner a partir da estátua de seu professor Johann Heinrich Dannecker.

"O homem joga somente quando é homem no pleno sentido da palavra, e somente é homem pleno quando joga."
SCHILLER, Friedrich. A educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 2002, p. 80.