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quarta-feira, abril 11, 2012
Omelete de Amoras
"Era uma vez um rei que chamava de seu todo poder e todos os tesouros da Terra, mas, apesar disso, não se sentia feliz e se tornava mais melancólico de ano a ano. Então, um dia, mandou chamar seu cozinheiro particular e lhe disse: -- Por muito tempo tens trabalhado para mim com fidelidade e me tens servido à mesa os pratos mais esplêndidos, e tenho por ti afeição. Porém, desejo agora uma última prova de seu talento. Deves me fazer uma omelete de amoras tal qual saboreei há cinquenta anos, em minha mais tenra infância. Naquela época meu pai travava guerra contra seu perverso vizinho a oriente. Este acabou vencendo e tivemos de fugir. E fugimos, pois, noite e dia, meu pai e eu, até chegarmos a uma floresta escura. Nela vagamos e estávamos quase a morrer de fome e fadiga, quando, por fim, topamos com uma choupana. Aí morava uma vovozinha, que amigavelmente nos convidou a descansar, tendo ela própria, porém, ido se ocupar do fogão e não muito tempo depois estava à nossa frente a omelete de amoras. Mal tinha levado à boca o primeiro bocado, senti-me maravilhosamente consolado, e eu era muito criança e por muito tempo não tornei a pensar no benefício daquela comida deliciosa. Quando mais tarde mandei procurá-la por todo o reino, não se achou nem a velha nem qualquer outra pessoa que soubesse preparar a omelete de amoras. Se cumprires agora este meu último desejo, farei de ti meu genro e herdeiro de meu reino. Mas, se não me contentares, então deverás morrer. -- Então o cozinheiro disse: -- Majestade, podeis chamar logo o carrasco. Pois, na verdade, conheço o segredo da omelete de amoras e todos os ingredientes, desde o trivial agrião até o nobre tomilho. Sem dúvida, conheço o verso que se deve recitar ao bater os ovos e sei que a batedor feito de madeira de buxo deve ser sempre girado para a direita de modo que não nos tire, por fim, a recompensa de todo o esforço. Contudo, ó rei, terei de morrer. Pois, apesar disso, minha omelete não vos agradará ao paladar. Pois como haveria eu de temperá-la com tudo aquilo que, naquela época, nela desfrutastes: o perigo da batalha e a vigilância do perseguido, o calor do fogo e a doçura do descanso, o presente exótico e o futuro obscuro. -- Assim falou o cozinheiro. O rei, porém, calou um momento e não muito tempo depois deve tê-lo destituído de seu serviço, rico e carregado de presentes".
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas II. São Paulo: Brasiliense, 1995, pp. 219-220.
terça-feira, abril 10, 2012
O Sonho de Heráclito
"Para os que estão em estado de vigília, há apenas um e mesmo mundo. No sono, cada um se volta para seu mundo privado".
Heráclito, Fragmento B89 da Edição Diels.
domingo, novembro 06, 2011
O homem absurdo
"'Meu campo -- diz Goethe -- é o tempo'. Eis propriamente o enunciado absurdo. O que é, de fato, o homem absurdo? Aquele que, sem negá-lo, nada faz pelo eterno. Não que a nostalgia lhe seja alheia. Mas prefere a ela sua coragem e seu raciocínio. A primeira lhe ensina a viver sem apelo e a satisfazer-se com o que tem, o segundo lhe ensina seus limites. Seguro de sua liberdade com prazo determinado, de sua revolta sem futuro e de sua consciência perecível, prossegue sua aventura no tempo de sua vida".
Albert Camus, O mito de Sísifo.
(Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 79).
Albert Camus, O mito de Sísifo.
(Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 79).
quinta-feira, setembro 08, 2011
Camelo, Leão e Criança
"O primeiro livro de Zaratustra começa por narrar as três metamorfoses: 'Como o espírito se torna camelo, como o camelo se torna leão e como finalmente o leão se torna criança.' O camelo é o animal que transporta: transporta o peso dos valores estabelecidos, os fardos da educação, da moral e da cultura. Transporta para o deserto e, aí, transforma-se em leão: o leão parte as estátuas, calca os fardos, dirige a cultura a todos os valores estabelecidos. Por fim, pertence ao leão tornar-se criança, quer dizer, jogo e novo começo, criador de novos valores e de novos princípios de avaliação.
De acordo com Nietzsche, estas três metamorfoses significam, entre outras coisas, momentos da sua obra e também estádios da sua vida e sua saúde. Sem dúvida, os cortes são sempre relativos: o leão está presente no camelo, a criança está presente no leão; e na criança há a abertura para a tragédia".
Gilles Deleuze. Nietzsche.
(Lisboa: Ed. 70, s/d, p. 7).
De acordo com Nietzsche, estas três metamorfoses significam, entre outras coisas, momentos da sua obra e também estádios da sua vida e sua saúde. Sem dúvida, os cortes são sempre relativos: o leão está presente no camelo, a criança está presente no leão; e na criança há a abertura para a tragédia".
Gilles Deleuze. Nietzsche.
(Lisboa: Ed. 70, s/d, p. 7).
quinta-feira, agosto 18, 2011
sexta-feira, junho 24, 2011
Prosseguir sonhando...
“Como é nova e maravilhosa e, ao mesmo tempo, horrível e irônica a posição que sinto ocupar, com o meu conhecimento diante de toda a existência! Eu descobri que a velha humanidade e animalidade, e mesmo toda a pré-história e o passado de todo ser que sente, continua inventando, amando, odiando, raciocinando em mim – no meio deste sonho acordei repentinamente, mas apenas para a consciência de que sonho e tenho de prosseguir sonhando, para não sucumbir: tal como o sonâmbulo tem de prosseguir o sonho para não cair por terra. O que é agora, para mim, aparência? Verdadeiramente, não é o oposto de alguma essência – que posso eu enunciar de qualquer essência, que não os predicados de sua aparência? Verdadeiramente, não é uma máscara mortuária que se pudesse aplicar a um desconhecido X e depois retirar! Aparência é, para mim, aquilo mesmo que atua e vive, que na zombaria de si mesmo chega ao ponto de me fazer sentir que tudo aqui é aparência e fogo-fátuo, dança de espíritos e nada mais – que, entre todos esses sonhadores, também eu, o ‘homem do conhecimento’, danço a minha dança, que o homem do conhecimento é um recurso para prolongar a dança terrestre e, assim, está entre os mestres-de-cerimônia da existência, e que a sublime coerência e ligação de todos os conhecimentos é e será, talvez, o meio supremo de manter a universalidade do sonho e a mútua compreensibilidade de todos esses sonhadores e, precisamente com isso, a duração do sonho”.
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 92.
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 92.
sexta-feira, maio 20, 2011
Porco-Espinho
"Um fragmento tem de ser, igual a uma pequena obra de arte, totalmente separado do mundo circundante e perfeito em si mesmo como um porco-espinho".
Friedrich Schlegel.
(Fragmento de Athenaeum, n. 206)
"O porco-espinho -- um ideal".
Friedrich von Hardenberg Novalis.
(Anotação à margem do fragmento supra).
Friedrich Schlegel.
(Fragmento de Athenaeum, n. 206)
"O porco-espinho -- um ideal".
Friedrich von Hardenberg Novalis.
(Anotação à margem do fragmento supra).
quinta-feira, maio 19, 2011
Cogito ergo Sum, por René Descartes
“Mas o que sou eu, então? Uma coisa que pensa. Que é uma coisa que pensa? É uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que imagina também e que sente. Com certeza não é pouco se todas essas coisas pertencem à minha natureza. Mas por que não lhe pertenceriam? Não sou eu próprio essa pessoa que duvida de quase tudo, que, apesar disso, compreende tantas coisas, que garante e afirma que apenas tais coisas são verdadeiras, que refuta todas as demais, que deseja conhecê-las melhor, que não quer ser enganada, que imagina muitas coisas e que sente também muitas coisas por meio dos órgãos do corpo? Existirá alguma coisa em tudo isso que não seja tão verdadeira quanto é certo que sou e que existo, mesmo se dormisse sempre e ainda quando aquele que me deu a existência se servisse de todos os seus poderes para ludibriar-me? Existirá, também, algum desses atributos que possa ser salientado de meu pensamento, ou que se possa afirmar que existe separado de mim mesmo? Pois é por si tão evidente que sou eu quem duvida, quem entende e quem deseja que não é preciso acrescentar nada para explicá-lo. E tenho também, com toda certeza, o poder de imaginar; porque, ainda que possa suceder (...) que as coisas que imagino não sejam verdadeiras, esta capacidade de imaginar não deixa de existir realmente em mim e faz parte do meu pensamento. Por fim, sou o mesmo que sente, ou seja, que recebe e conhece as coisas como que pelos órgãos dos sentidos, visto que, de fato, vejo a luz, ouço o ruído, sinto o calor. Poderão, porém, dizer-me que essas aparências são falsas e que eu durmo. Que assim seja; contudo, ao menos, é bastante certo que me parece que vejo, que ouço e que me aqueço; e é propriamente aquilo que em mim se chama sentir, e isto, tomado assim precisamente, nada é senão a não ser pensar. De onde começo a conhecer o que sou, com um pouco mais de clareza e discernimento do que anteriormente”.
DESCARTES, René. "Meditações", in: Descartes. Col. Os pensadores. São Paulo, Nova Cultural, 2000, p. 162-163.
DESCARTES, René. "Meditações", in: Descartes. Col. Os pensadores. São Paulo, Nova Cultural, 2000, p. 162-163.
quarta-feira, abril 27, 2011
terça-feira, janeiro 18, 2011
A felicidade, desesperadamente
"Lembrem-se de Proust em Em busca do tempo perdido: 'Albertine presente, Albertine desaparecida...' Quando ela não está presente, ele sofre atrozmente: está disposto a tudo para que ela volte. Quando ela está presente, ele se entedia: está disposto a tudo para que ela vá embora. Não há nada mais fácil do que amar quem não temos, quem nos falta: isso se chama de estar apaixonado, e está ao alcance de qualquer um. Mas amar quem temos, aquele ou aquela com quem vivemos, é outra coisa! Quem não viveu essas oscilações, essas intermitências do coração? Ora amamos quem não temos, e sofremos com esta falta: é o que se chama de um tormento amoroso; ora temos quem já não nos falta e nos entediamos: é o que chamamos um casal. E é raro que isso baste à felicidade".
André Comte-Sponville. A felicidade desesperadamente.
(São Paulo, Martins Fontes, 2001, p. 34).
André Comte-Sponville. A felicidade desesperadamente.
(São Paulo, Martins Fontes, 2001, p. 34).
terça-feira, janeiro 11, 2011
A Arte e os Enigmas do Mundo

Édipo e a Esfinge de Tebas, c. 470 a.C., Museo Gregoriano Etrusco, Vaticano.
"As obras de arte têm seus alicerces nos enigmas que o mundo organizado propõe para devorar os homens. O mundo é a esfinge; o artista, seu Édipo tornado cego; e as obras de arte se parecem com a sábia resposta que precipita a esfinge nos abismos. Desta maneira, toda arte está contra a mitologia. Em seu 'material' natural está sempre contida a 'resposta', a única resposta possível e exata, mas nunca separada da própria obra".
Theodor W. Adorno. Filosofia da nova música.
(São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 106)
sexta-feira, janeiro 07, 2011
Homens do Desconhecimento
"Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos -- e não sem motivo. Nunca nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? Com razão alguém disse: 'onde estiver teu tesouro, estará também meu coração'. Nosso tesouro está onde estão as colmeias do nosso conhecimento. Estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito -- levar algo 'para casa'. Quanto ao mais da vida, as chamadas 'vivências', qual de nós pode levá-las a sério? Ou ter tempo para elas? Nas experiências presentes, receio, estamos sempre 'ausentes': nelas não temos nosso coração -- para elas não temos ouvidos. Antes, como alguém divinamente disperso e imerso em si, a quem os sinos acabam de estrondear no ouvido as doze batidas do meio-dia, e súbito acorda e se pergunta 'o que foi que soou?', também nós por vezes abrimos depois os ouvidos e perguntamos, surpresos e perplexos inteiramente, 'o que foi que vivemos?', e também 'quem somos realmente?', e em seguida contamos, depois, como disse, as doze vibrantes batidas da nossa vivência, nossa vida, nosso ser -- ah! e contamos errado... Pois continuamos necessariamente estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos, temos que nos mal-entender, a nós se aplicará para sempre a frase: 'Cada qual é o mais distante de si mesmo'-- para nós mesmos somos 'homens do desconhecimento'..."
Friedrich Nietzsche. Genealogia da Moral.
(São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 7-8).
Friedrich Nietzsche. Genealogia da Moral.
(São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 7-8).
quinta-feira, dezembro 09, 2010
sexta-feira, dezembro 03, 2010
Filosofia da Nova Música
"Parece realmente cínico que, depois do que ocorreu na Europa e o que ainda ameaça ocorrer, dedique tempo e energia intelectual a decifrar os problemas esotéricos da moderna técnica da composição; além disso, as obstinadas discussões do texto, puramente formais, com frequência referem-se diretamente a uma realidade que não se interessa por elas. Mas talvez este começo excêntrico lance alguma luz sobre uma situação cujas conhecidas manifestações somente servem para mascará-la e cujo protesto só adquire voz quando a conivência oficial e pública assume uma simples atitude de não-participação. Trata-se apenas da música. Como poderá estar constituído um mundo em que até os problemas do contraponto são testemunhos de conflitos inconciliáveis? Até que ponto a vida estará atualmente perturbada, se cada estremecimento seu e cada rigidez sua se reflete ainda num plano a que não chega nenhuma necessidade empírica, numa esfera em que, segundo os homens acreditam, há um asilo seguro contra a pressão da norma funesta, e que cumpre sua promessa apenas negando-se ao que os homens esperam dela?"
Theodor W. Adorno. Filosofia da nova música.
(São Paulo, Perspectiva, 2009, p. 11)
Theodor W. Adorno. Filosofia da nova música.
(São Paulo, Perspectiva, 2009, p. 11)
sexta-feira, novembro 26, 2010
Fragmentos Críticos, por Friedrich Schlegel
"Naquilo que se chama filosofia da arte falta habitualmente uma das duas: ou a filosofia, ou a arte".
Friedrich Schlegel. O dialeto dos fragmentos.
(São Paulo, Iluminuras, 1997, p. 22)
Friedrich Schlegel. O dialeto dos fragmentos.
(São Paulo, Iluminuras, 1997, p. 22)
sábado, novembro 13, 2010
Elogio da Loucura, por Erasmo de Roterdã

Hans Holbein, Retrato de Erasmo de Roterdã escrevendo, 1523.
"Depois deles [juristas, dialéticos e sofistas], vem os filósofos, homens muito respeitáveis, seguramente, pela barba e o manto, homens que se orgulham de ser os únicos sábios da terra e que olham os outros homens como sombras vãs que se agitam na superfície do globo. Que prazer sentem eles quando, em seu delírio filosófico, criam no universo uma quantidade inumerável de mundos diversos; quando nos dão a grandeza do sol, da lua, das estrelas e das outras esferas com tanta exatidão como se as tivessem medido com uma régua ou com um barbante; quando nos explicam as causas do trovão, dos ventos, dos eclipses e outros fenômenos inexplicáveis, falando sempre com tanta confiança como se tivessem sido os secretários da natureza quando ela ordenou o mundo, ou como se acabassem de chegar do conselho dos deuses! Mas essa natureza, infinitamente acima de todas as pequenas ideias dos filósofos, zomba deles e de suas conjecturas. Uma prova bastante evidente de que não possuem nenhum conhecimento certo é que mantêm entre si, sobre suas diferentes opiniões, disputas das quais nada se pode compreender. Não sabem absolutamente nada e orgulham-se de saber de tudo. Não conhecem nem a si próprios; às vezes a fraqueza de sua visão ou a distração de seu espírito divagador faz que não vejam um buraco ou uma pedra logo à frente de seu caminho. No entanto, a ouvi-los, eles enxergam perfeitamente as ideais, os universais, as formas substanciais, a matéria primeira, as quididades, as entidades, coisas tão minúsculas que não creio que um lince pudesse jamais percebê-las. Com que desprezo, sobretudo, não consideram o vulgo profano, quando sobrepõem, uns sobre os outros, triângulos, círculos, quadrados e uma infinidade de outras figuras matemáticas entrelaçadas em forma de labirinto, ou quando, acrescentando a essas figuras letras dispostas em ordem de batalha, combinadas e recombinadas de mil maneiras diferentes, lançam trevas sobre as coisas mais claras e as tornam incompreensíveis aos ignorantes que os escutam! Vários deles, inclusive, orgulham-se de ler o futuro nos astros e prometem coisas que a maior mágico não ousaria prometer. Loucos felizes, que encontram gente bastante tola para acreditar neles!"
Desidério Erasmo, Elogio da loucura.
(Porto Alegre: L&PM, 2008, pp. 84-85.)
quinta-feira, novembro 11, 2010
Criar é redimir o acaso
"Eu caminho entre os homens como entre fragmentos do futuro que contemplo.
Pois nisso consiste todo o meu Criar e Buscar: eu componho e junto em um o que é fragmento e enigma e medonho acaso.
Pois como suportaria eu ser homem, não fosse o homem também criador, decifrador de enigmas e redentor do acaso?
Redimir os que passaram e transmutar todo 'Foi' em um 'Assim o quis' -- isto sim seria para mim redenção".
Friedrich Nietzsche. Ecce homo. Como alguém se torna o que é.
(São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 89)
Pois nisso consiste todo o meu Criar e Buscar: eu componho e junto em um o que é fragmento e enigma e medonho acaso.
Pois como suportaria eu ser homem, não fosse o homem também criador, decifrador de enigmas e redentor do acaso?
Redimir os que passaram e transmutar todo 'Foi' em um 'Assim o quis' -- isto sim seria para mim redenção".
Friedrich Nietzsche. Ecce homo. Como alguém se torna o que é.
(São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 89)
quarta-feira, novembro 10, 2010
A Gaia Ciência, por Friedrich Nietzsche
"LEVAR A SÉRIO -- O intelecto é, na grande maioria das pessoas, uma máquina pesada, escura e rangente, difícil de por em movimento; chamam de 'levar a coisa a sério', quando querem trabalhar e pensar bem com essa máquina -- oh, como lhes deve ser incômodo o pensar bem! A graciosa besta humana perde o humor, ao que parece, toda vez que pensa bem; ela fica 'séria'! E 'onde há riso e alegria, o pensamento nada vale': -- assim diz o preconceito dessa besta séria contra toda 'gaia ciência'-- Muito bem! Mostremos que é um preconceito!"
Friedrich Nietzsche. A gaia ciência.
(São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 217).
Friedrich Nietzsche. A gaia ciência.
(São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 217).
segunda-feira, novembro 01, 2010
Livros & Livros
"De que vale um livro que não nos transporte além dos livros?"
Friedrich Nietzsche. A gaia ciência,
(São Paulo, Companhia das letras, 2002, p. 181).
Friedrich Nietzsche. A gaia ciência,
(São Paulo, Companhia das letras, 2002, p. 181).
sexta-feira, outubro 22, 2010
A Incompreensibilidade do Mal
por Franklin Leopoldo e Silva
Se a filosofia é a tentativa de compreensão da condição humana, então a questão do mal ocupa o centro das preocupações – e a marca profunda que a tradição socrático-platônica deixou na constituição da herança filosófica bastaria para atestá-lo.
Mesmo quando o questionamento se dá por via de uma racionalidade mais formal e orientada por paradigmas que desprezam as orientações ditas “metafísicas”, o mal não deixa de aparecer como uma constatação inseparável de certa perplexidade, oculta sob a aceitação dos limites da razão e do rigor da argumentação.
Mais do que isso, ainda que o cinismo, contemporaneamente tão difundido, nos faça aceitar o mal como realidade dada ou como banalidade, essa pretensa certeza primária não nos isenta do incômodo presente na má-fé inerente ao conformismo e à indiferença ética.
Para ler o artigo na íntegra, clique no título deste post.
Se a filosofia é a tentativa de compreensão da condição humana, então a questão do mal ocupa o centro das preocupações – e a marca profunda que a tradição socrático-platônica deixou na constituição da herança filosófica bastaria para atestá-lo.
Mesmo quando o questionamento se dá por via de uma racionalidade mais formal e orientada por paradigmas que desprezam as orientações ditas “metafísicas”, o mal não deixa de aparecer como uma constatação inseparável de certa perplexidade, oculta sob a aceitação dos limites da razão e do rigor da argumentação.
Mais do que isso, ainda que o cinismo, contemporaneamente tão difundido, nos faça aceitar o mal como realidade dada ou como banalidade, essa pretensa certeza primária não nos isenta do incômodo presente na má-fé inerente ao conformismo e à indiferença ética.
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