quinta-feira, setembro 13, 2007
Um Sistema Visual Brasileiro?
O propósito do seminário é o de investigar as transformações ocorridas nas linguagens visuais do Brasil num horizonte histórico amplo; portanto sem se prender a perspectivas autorais ou a manifestações estilísticas, consideradas em si ou isoladamente. De modo análogo, considera-se a cultura como esfera de simbolização geral, em situação de interação com outros processos da vida social.
O projeto do seminário parte da hipótese de que as artes visuais brasileiras vêm a alcançar na década de 1950 um patamar inédito de aglutinação e longevidade das experiências artísticas, em contraposição a um quadro endêmico de ecletismo e volubilidade, consoante à tradição cultural das nações periféricas.
As correntes do abstracionismo geométrico funcionaram como o núcleo inicial de formação de um sistema visual brasileiro moderno. A unidade dialética das concepções distintas ou opostas de arte e cultura nasceu à luz da vontade comum de modernizar e desenvolver o país. E ela se transformou qualitativamente ao longo deste processo em consciência crescente da problemática do subdesenvolvimento, principalmente a partir do golpe militar de 1964.
Deste modo, o processo de crítica e transformação dos paradigmas visuais, que leva da fundação dos grupos Ruptura e Frente à constituição programática da arte concreta e da arte neoconcreta, ao longo da década de 1950, e na década de 1960, à Nova Figuração e à Nova Objetividade, como ainda até distintos movimentos artísticos na década de 1970, assinala a consolidação de uma “causalidade interna”, a duras penas delineada em meio aos avatares da história do país.
Noutras palavras, a chave de constituição da causalidade interna, mediante a qual, na definição Antonio Candido, a produção das obras é influenciada “não por modelos estrangeiros imediatos, mas por exemplos nacionais anteriores”, consiste na articulação entre as artes visuais e a consciência da problemática do subdesenvolvimento.
A tônica dominante se mostra bem outra desde o início da década de 1980. A tendência pró-capitalista predomina e permeia todos os setores da vida social e simbólica. A lógica deste ponto de vista é a de que não existe alternativa ao capitalismo e à “globalização”, ou a de que o “mercado” constitui a única realidade possível. Concomitantemente entraram em desuso as práticas de reflexão histórica. O fim do ciclo histórico da arte moderna ou das vanguardas, que no Brasil constituíram fenômenos tardios, vigentes até a década de 1970, foi acompanhado pelo fim da esfera simbólica e social da crítica.
Uma nova questão se delineia neste quadro, relativamente à perspectiva posta anteriormente, acerca da formação de um sistema visual brasileiro: como as esferas da cultura e das artes – que antes pareciam em rota de colisão com a modernização conservadora – vieram a ser abrangidas e incluídas nesta última?
Para ter acesso à programação do seminário clique no título deste post.
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