De toda a riquíssima iconografia cristã, a alegoria do inferno tem se mostrado ser um tema fecundo entre filósofos e artistas ao longo dos séculos
por Aléxia Bretas
O inferno de Dante tem nove círculos; o de Swedenborg é povoado de anjos; o de Blake ensina provérbios; o de Rimbaud cheira a carne tostada; o de Sartre é o outro; o de Strindberg é aqui.
Apesar das peculiaridades que distinguem cada uma das constelações acima, uma característica pode ser apontada como denominador comum entre as tão ecléticas representações lítero-filosóficas recebidas pelo inferno no decurso da história.
Com a sabedoria oracular que lhe é típica, o escritor Jorge Luís Borges a ela se refere como a lancinante duração de suas penas. E escreve: “O atributo de eternidade é o horroroso. O de continuidade -- o fato de que a perseguição divina carece de intervalos, de que no Inferno não há sonho -- é ainda pior, mas impossível de ser imaginado”.
George Grozs, Caim ou Hitler no inferno, 1944, óleo sobre tela, 99 x 124,5 cm, coleção particular.
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