"Minhas peças têm um moralismo agressivo. Nos meus textos, o desejo é triste, a volúpia é trágica e o crime é o próprio inferno. O espectador vai para casa apavorado com todos os seus pecados passados, presentes e futuros. Numa época em que a maioria se comporta sexualmente como vira-latas, eu transformo um simples beijo numa abjeção eterna."
RODRIGUES, Nelson. "Moralismo," in: Flor de Obsessão. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 109.
segunda-feira, junho 30, 2008
domingo, junho 29, 2008
sábado, junho 28, 2008
Elogio do Aprendizado, por Bertolt Brecht
Aprenda o mais simples! Para aqueles
Cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Freqüente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.
Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.
BRECHT, Bertolt. "Elogio do aprendizado," in
Poemas 1913-1956. São Paulo: Ed. 34, 2001, p. 114.
Cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!
Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Freqüente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.
Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.
BRECHT, Bertolt. "Elogio do aprendizado," in
Poemas 1913-1956. São Paulo: Ed. 34, 2001, p. 114.
sexta-feira, junho 27, 2008
Arte e publicidade por René Magritte

René Magritte, A traição das imagens, 1928-9.
La symbiose séculaire de l’art et de la publicité : Magritte dans tous ses états…
Depuis le début de l’ère moderne, au travers de l’affiche du XIXème siècle, la peinture a contribué à l’effort créatif publicitaire. Des artistes comme Savignac ou Villemot sont ainsi à l’origine de toute une tradition d’affichistes qui ont fait le bonheur des yeux de nos aïeux. Comme ses prédécesseurs, René Magritte (1898-1967), peintre surréaliste, a participé, entre 1931 et 1936, à une petite entreprise de publicité, ce qui lui a valu de signer quelques belles annonces, comme celle des chocolats Tonny’s (n° 1). Son activité publicitaire – exercée pour subvenir aux besoins alimentaires et certainement pas par vocation – s’est même étendue sporadiquement entre 1918 et 1965.
L’éternelle question se profile alors : la publicité est-elle, ne serait-ce que par moments, un art ? Sans entrer dans une telle polémique, il s’agira ici plus modestement d’observer un cas particulier de récupération de l’art pictural par la publicité.
Para saber mais: ROQUE, G. 1983 : Ceci n'est pas un Magritte : Essai sur Magritte et la publicité, Paris, Flammarion.
Para ler o texto na íntegra, clique no título deste post.
quarta-feira, junho 25, 2008
Como viver junto, por Roland Barthes
"A título de excursão fantasiosa, isto: certamente tomaremos o Viver-Junto como fato essencialmente espacial (viver num mesmo lugar). Mas, em estado bruto o Viver-Junto é também temporal e é necessário marcar aqui esta casa: 'viver ao mesmo tempo em que...', 'viver no mesmo tempo em que...' = contemporaneidade. Por exemplo, posso dizer, sem mentir, que Marx, Mallarmé, Nietzsche e Freud viveram vinte e sete anos juntos. Ainda mais, teria sido possível reuni-los em alguma cidade da Suiça em 1876, por exemplo, e eles teriam podido -- último índice do Viver-Junto -- 'conversar'. Freud tinha então vinte anos, Nietzsche tinha trinta e dois, Mallarmé trinta e quatro e Marx cinqüenta e seis. (Poderíamos nos perguntar qual é, agora, o mais velho). Essa fantasia da concomitância visa a alertar sobre um fenômeno muito complexo, pouco estudado, parece-me: a contemporaneidade. Com quem é que eu vivo? O calendário não responde bem. É o que indica nosso pequeno jogo cronológico -- a menos que eles se tornem contemporâneos agora? A estudar: os efeitos de sentidos cronológicos (cf. ilusões de óptica). Desembocaríamos talvez neste paradoxo: uma relação insuspeita entre o contemporâneo e o intempestivo -- como o encontro de Marx e Mallarmé, de Mallarmé e Freud sobre a mesa do tempo."
BARTHES, Roland. Como viver junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp. 11-12.
BARTHES, Roland. Como viver junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp. 11-12.
terça-feira, junho 24, 2008
Goethe, Brecht, Kant, Schiller, Marx, Arendt...
sexta-feira, junho 20, 2008
Imagens de um Discurso Amoroso

Caspar David Friedrich, Mar de gelo, 1824.
"Uma pintura romântica mostra sob uma luz polar um amontoado de destroços gelados; nenhum homem, nenhum objeto habita esse espaço desolado; mas, por isso mesmo, por pouco que eu esteja dominado pela tristeza amorosa, esse vazio incita a que eu nele me projete; vejo-me como um boneco, sentado num daqueles blocos, irremediavelmente abandonado. 'Estou com frio, diz o amante, vamos embora," mas não há nenhum caminho, o barco está despedaçado. Há um frio peculiar do amante: frialdade própria dos filhotes (do homem, do animal) que têm necessidade do calor materno."
BARTHES, Roland. "As imagens," in Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 212-213.
terça-feira, junho 17, 2008
Don Juan, o anti-Werther

Don Juan, em cena do filme "O olho do diabo. Dir.: Ingmar Bergman, 1960.
"O amor à la Don Juan é um sentimento no gênero do gosto pela caça. É uma necessidade de atividade que deve ser despertada por objetos diversos, colocando em dúvida incessantemente o talento.
O amor à la Werther é como o sentimento de um estudante que faz uma tragédia, e mil vezes melhor; é uma nova meta na vida, com que tudo se relaciona, e muda a face de tudo. O amor-paixão lança aos olhos de um homem toda a natureza em seus aspectos sublimes, como uma novidade recém-inventada. Ele supreende-se por jamais ter visto o espetáculo singular que se desvela à sua alma. Tudo é novo, tudo é vivo, tudo respira o interesse mais apaixonado. Um amante vê a mulher amada na linha de horizonte de todas as paisagens encontradas e, viajando cem léguas para entrevê-la por um instante, cada árvore, cada pedra fala-lhe da amada de uma forma diversa e revela-lhe algo novo, ao som de um mágico espetáculo. Em vez desse espetáculo, Don Juan precisa que os objetos exteriores, que para ele só têm preço pelo seu grau de utilidade, sejam-lhe dados de forma picante, por alguma intriga nova."
STENDHAL. "Werther e Don Juan," capítulo 59, in Do amor. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 187.
segunda-feira, junho 16, 2008
Street Art, Tate, Londres, 23 mai a 25 ago 2008
Do Amor, Stendhal
Toda ação do amante termina em pensar na pessoa amada.
STENDHAL. "Código de amor no século XII," in Do amor. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 260.
STENDHAL. "Código de amor no século XII," in Do amor. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 260.
quinta-feira, junho 12, 2008
A arte de escrever, por Arthur Schopenhauer
"A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. Achamos que nunca esqueceremos esse pensamento e que nunca seremos indiferentes à nossa amada. Só que longe dos olhos, longe do coração! O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casamos com ela."
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 52.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 52.
sábado, junho 07, 2008
sábado, maio 31, 2008
O Eterno Retorno de Borges

Frans Hals, Jovem com um crânio (Vanitas), 1626-28.
"Se passo a mão de leve sobre a fronte,
se afago as lombadas desses livros,
se o Livro das Noites reconheço,
se giro a terceira fechadura,
se me demoro no umbral incerto,
se uma dor incrível me atordoa,
se recordo a Máquina do Tempo,
se recordo o tapete do unicórnio,
se mudo a posição enquanto durmo,
se a memória me devolve um verso,
repito o ritual inumeráveis
vezes em meu assinalado rumo.
Não posso executar um ato novo,
teço e torno a tecer a mesma fábula,
repito um repetido decassílabo,
torno a dizer o que outros me disseram,
as mesmas coisas sinto, sempre à mesma
hora do dia ou da abstrata noite.
Noite após noite o mesmo pesadelo,
noite após noite o austero labirinto.
Sou o cansaço de um espelho imóvel
ou pó de um museu.
Somente algo indesejado espero,
só espero esse dom, ouro da sombra,
essa virgem, a morte. (O castelhano
permite esta metáfora)."
BORGES, Jorge Luis. "Eclesiastes 1, 9." In: Obras completas III,
São Paulo: Globo, 1999, p. 338.
quinta-feira, maio 29, 2008
O Ser da Imagem, por Giorgio Agamben
William Turner, The Angel, Standing in the Sun, 1846, óleo sobre tela, Tate Gallery, Londres
"O ser da imagem é uma geração contínua (semper nova generatur). Ser de geração e não de substância, ela é criada a cada instante de novo, assim como acontece com os anjos que, segundo o Talmud, cantam os louvores de Deus e imediatamente precipitam no nada."
AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007, p. 52.
As Visões de William Shakespeare

Retrato de William Shakespeare
Henry Fuseli. Horatio, Marcellus e a cabeça do pai de Hamlet, 1780-5.

Henry Fuseli. Macbeth consultando a visão da cabeça armada, 1793–94.
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John Everett Millais. Ofélia (detalhe), 1851–2.

William Blake. Oberon, Titânia e Puck dançando com as fadas, 1786

William Blake. Piedade, 1795.

Sir John Gilbert. The Plays of William Shakespeare, 1849.
terça-feira, maio 27, 2008
Ensaio sobre a cegueira, por José Saramago

Pieter Bruegel (O velho), O cego guiando o cego, 1568.
"Chegara mesmo ao ponto de pensar que a escuridão em que os cegos viviam não era, afinal, senão a simples ausência da luz, que o que chamamos cegueria era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das coisas, deixando-os intactos por trás de seu véu negro. Agora, pelo contrário, ei-lo que se encontrava mergulhado numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis."
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, pp. 15-16.
quinta-feira, maio 22, 2008
Arzak Rhapsody, por Jean Giraud (Moëbius)
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