domingo, abril 18, 2010

O Pensamento alimenta a Experiência


Andy Warhol, Beethoven, 1986.

“Se alguém não entende o aspecto puramente musical de uma sinfonia de Beethoven, compreende-a tão pouco como alguém que nela não percebe o eco da Revolução Francesa; e o modo como os dois momentos estão ligados no fenômeno conta-se entre os temas tão pedantes como inevitáveis da estética filosófica. A experiência só não basta, é preciso que seja alimentada pelo pensamento”.

Theodor Adorno. Experiência e criação artística: Paralipômenos à Teoria Estética. Tradução: Artur Mourão. Lisboa: Ed. 70, p. 145.

sábado, abril 17, 2010

O Matrimônio do Céu e do Inferno


William Blake, O matrimônio do céu e do inferno, 1790.

sexta-feira, abril 16, 2010

Dadá contra Weimar, 1919


Raoul Hausmann, Cabeça Mecânica
(O espírito de nosso tempo), 1920.

“Eu anuncio o mundo dadaísta. Eu rio da ciência da cultura, estes fusíveis de segurança de uma sociedade condenada à morte. O que me interessa saber como era Martinho Lutero?

Eu o imagino um homenzinho barrigudo. Ele era como o Encarregado do povo Ebert. Para que precisamos ler as falas de Buda – e melhor termos uma falsa imagem de excursos filosóficos. Ou saber que existiam no Cambriano libélulas gigantescas em cuja honra a pressão atmosférica era maior do que hoje. Ou que 227 bilhões de átomos fazemos uma molécula do tamanho de um décimo de milímetro cúbico. Mas ainda menos importantes do que estas incontrolabilidades são para mim os escritores sérios. Porque é melhor ser comerciante do que ser escritor.

O comerciante engana abertamente e só aos outros: isto está justificado no Código Civil. O escritor engana-se a si próprio quando fala por todos e está condenado por seu isolamento do mundo super-real. (...)

Eu não sou somente contra o espírito de Potsdam – eu sou antes de tudo contra Weimar. Consequências ainda mais lastimáveis que o velho Fritz acarretam Goethe e Schiller – o governo Ebert-Scheidemann foi uma consequência natural da inconsistência tola e ávida do classicismo poético. Este classicismo é uma farda, a métrica capacidade de vestir coisas que não tocam no viver”.

HAUSMANN, Raoul. "Protesto contra a concepção de vida weimariana", in: Der Einzige 14, 1919 apud BAITELLO JÚNIOR, Norval. Dadá-Berlim: Des/Montagem. São Paulo: Annablume, 1993, pp. 63-65.

quinta-feira, abril 15, 2010

Despertar é preciso

"Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor em nosso jardim,
e não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores, matam o nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos
a lua e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada".

Vladimir Maiakóvski, "Despertar é preciso".

sexta-feira, abril 09, 2010

quinta-feira, abril 08, 2010

Arte como Magia / Magia como Arte


John Anster Fitzgerald, O concerto.

"Magia é = arte de usar arbitrariamente o mundo sensível".
Novalis. Pólen. São Paulo, Iluminuras, 2001, p. 143.

sexta-feira, abril 02, 2010

Ecce Homo, Friedrich Nietzsche, 1888.

"Não sou nenhum bicho-papão, nenhum monstro moral -- sou até mesmo uma natureza oposta à espécie de homem que até agora se venerou como virtuosa. Cá entre nós, parece-me que justamente isso forma parte de meu orgulho. Sou um discípulo do filósofo Dionísio, preferiria antes ser um sátiro a ser um santo. Mas leia-se este escrito. Talvez eu o tenha conseguido, talvez não tenha ele outro sentido senão expressar essa oposição de maneira feliz e afável. A última coisa que eu prometeria seria "melhorar" a humanidade. Eu não construo novos ídolos; os velhos que aprendem o que significa ter pés de barro. Derrubar ídolos (minha palavra para ideais) -- isto sim é meu ofício. A realidade foi despojada de seu valor, seu sentido, sua veracidade, na medida em que se forjou um mundo ideal... O "mundo verdadeiro" e o "mundo aparente" -- leia-se: o mundo forjado e a realidade... A mentira do ideal foi até agora a maldição sobre a realidade, através dela a humanidade tornou-se mendaz e falsa até seus instintos mais básicos -- a ponto de adorar os valores inversos aos únicos que lhe garantiriam o florescimento, o futuro, o elevado direito ao futuro."
Friedrich Nietzche. Ecce Homo: como alguém se torna o que é. (São Paulo, Companhia das Letras, 2009, pp. 15-6).