quarta-feira, maio 13, 2009
Filosofia é na verdade nostalgia...
René Magritte, Saudade, 1940
Afortunados os tempos para os quais o céu estrelado é o mapa dos caminhos transitáveis e a serem transitados, e cujos rumos a luz das estrelas ilumina. Tudo lhes é novo e no entanto familiar, aventuroso e no entanto próprio. O mundo é vasto, e no entanto é como a própria casa, pois o fogo que arde na alma é da mesma essência que as estrelas. (...) ‘Filosofia é na verdade nostalgia.’ [Novalis, Das allgemeine Brovillon]. Eis porque a filosofia, tanto como forma de vida quanto como a determinante da forma e a doadora de conteúdo da criação literária é sempre um sintoma da cisão entre interior e exterior, um índice da diferença entre o eu e o mundo, da incongruência entre alma e ação. Eis porque os tempos afortunados não têm filosofia, ou, o que dá no mesmo, todos os homens desse tempo são filósofos, depositários do objetivo utópico de toda a filosofia.
LUKÁCS, Georg. Teoria do romance. São Paulo: Ed. 34 / Duas Cidades, 2000. pp. 25-26.
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