segunda-feira, agosto 25, 2008
A arte conserva os perceptos e afectos
Odilon Redon, Flores, 1903, Óleo sobre tela, 66 x 54.5 cm, Kunstmuseum St. Gallen, Suiça.
"O que se conserva, a coisa ou obra de arte, é um bloco de sensações, isto é, um composto de perceptos e afectos. Os perceptos não são mais percepções, são independentes do estado daqueles que os experimentam; os afetos não são mais sentimentos ou afecções, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. As sensações, perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmos e excedem qualquer vivido. Existem na ausência do homem, podemos dizer, porque o homem, tal como ele é fixado na pedra, sobre a tela ou ao longo das palavras, é ele próprio um composto de perceptos e afectos. A obra de arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si."
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Ed. 34, 2005, p. 213.
segunda-feira, agosto 18, 2008
Contradigo-me?
sexta-feira, agosto 08, 2008
Caosmose Esquizo
Arthur Bispo do Rosário, Macumba.
"A 'normalidade', sob a luz do delírio, a lógica tecnicista, sob a lei do processo primário freudiano, um pas de deux em direção ao caos para tentar circunscrever uma subjetividade longe dos equilíbrios dominantes, para captar suas linhas virtuais de singularidade, de emergência e de renovação: eterno retorno dionisíaco ou paradoxal revolução copernicana que se prolongaria em uma reviravolta animista? No mínimo, fantasma originário de uma modernidade incessantemente posta em questão e sem esperança de remissão pós-moderna. Sempre a mesma aporia: a loucura cercada em sua estranheza, reificada para sempre em uma alteridade, não deixa de habitar nossa apreensão comum, sem qualidade, no mundo. Mas seria necessário ir ainda mais longe: a vertigem caótica, que encontra uma de suas expressões privilegiadas na loucura, é constitutiva da intencionalidade fundadora da relação sujeito-objeto. A psicose revela um motor essencial do ser no mundo".
GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: Ed. 34, 1992, p. 99