quarta-feira, maio 09, 2007

O Envelhecimento do Moderno

ENTREVISTA com VLADIMIR SAFATLE, por Juliano Gentile e Thais Rivitti

Número: É possível pensar num programa estético crítico hoje?

VS: Para uma reformulação do pensamento no campo das artes, deve-se partir do pressuposto de que há uma forma crítica que esgotou sua função porque a realidade social a ultrapassou. A forma crítica do modernismo clássico se baseava numa certa dinâmica de desvelamento. O fato é que a própria realidade social já opera esse desvelamento, pois é auto-irônica. A ideologia ironiza os conteúdos que ela mesma põe. Essa é a dificuldade que se apresenta.


Desktop inspirado na capa da Revista Piauí de novembro de 2006.

O primeiro passo é reconstituir a forma da ideologia na contemporaneidade. Ideologia não é um termo que deva ser abandonado, mas tem uma forma muito particular de operar hoje. O segundo passo seria não estabelecer de forma programática o que deve ser feito, quais devem ser as formas da crítica. Temos que nos voltar à produção estética contemporânea, acostumarmos a fazer análises de obras, até encontrar na particularidade da obra algo que possa ser modelo para a constituição de um programa crítico. Neste sentido, eu diria, no sentido mais forte do termo, que a arte pensa. Cabe à reflexão filosófica apenas uma análise imanente, ou seja, pensar as obras através dos dispositivos que elas próprias sintetizam. Ou seja, sua pergunta só pode ser respondida pelo estado das obras, e não pela articulação prévia de programas.

Trecho de entrevista publicada no Fórum Permanente. Para ler o conteúdo na íntegra, clique no título deste post.

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