segunda-feira, junho 30, 2008

Nelson Rodrigues Moralista

"Minhas peças têm um moralismo agressivo. Nos meus textos, o desejo é triste, a volúpia é trágica e o crime é o próprio inferno. O espectador vai para casa apavorado com todos os seus pecados passados, presentes e futuros. Numa época em que a maioria se comporta sexualmente como vira-latas, eu transformo um simples beijo numa abjeção eterna."
RODRIGUES, Nelson. "Moralismo," in: Flor de Obsessão. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 109.

domingo, junho 29, 2008

Homem-livro, por Arcimboldo


Giuseppe Arcimboldo, O bibliotecário, 1566.

sábado, junho 28, 2008

Elogio do Aprendizado, por Bertolt Brecht

Aprenda o mais simples! Para aqueles
Cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!
Você tem que assumir o comando!
Freqüente a escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.

Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.

BRECHT, Bertolt. "Elogio do aprendizado," in
Poemas 1913-1956. São Paulo: Ed. 34, 2001, p. 114.

sexta-feira, junho 27, 2008

Arte e publicidade por René Magritte


René Magritte, A traição das imagens, 1928-9.

La symbiose séculaire de l’art et de la publicité : Magritte dans tous ses états…


Depuis le début de l’ère moderne, au travers de l’affiche du XIXème siècle, la peinture a contribué à l’effort créatif publicitaire. Des artistes comme Savignac ou Villemot sont ainsi à l’origine de toute une tradition d’affichistes qui ont fait le bonheur des yeux de nos aïeux. Comme ses prédécesseurs, René Magritte (1898-1967), peintre surréaliste, a participé, entre 1931 et 1936, à une petite entreprise de publicité, ce qui lui a valu de signer quelques belles annonces, comme celle des chocolats Tonny’s (n° 1). Son activité publicitaire – exercée pour subvenir aux besoins alimentaires et certainement pas par vocation – s’est même étendue sporadiquement entre 1918 et 1965.

L’éternelle question se profile alors : la publicité est-elle, ne serait-ce que par moments, un art ? Sans entrer dans une telle polémique, il s’agira ici plus modestement d’observer un cas particulier de récupération de l’art pictural par la publicité.

Para saber mais: ROQUE, G. 1983 : Ceci n'est pas un Magritte : Essai sur Magritte et la publicité, Paris, Flammarion.

Para ler o texto na íntegra, clique no título deste post.

quarta-feira, junho 25, 2008

Como viver junto, por Roland Barthes

"A título de excursão fantasiosa, isto: certamente tomaremos o Viver-Junto como fato essencialmente espacial (viver num mesmo lugar). Mas, em estado bruto o Viver-Junto é também temporal e é necessário marcar aqui esta casa: 'viver ao mesmo tempo em que...', 'viver no mesmo tempo em que...' = contemporaneidade. Por exemplo, posso dizer, sem mentir, que Marx, Mallarmé, Nietzsche e Freud viveram vinte e sete anos juntos. Ainda mais, teria sido possível reuni-los em alguma cidade da Suiça em 1876, por exemplo, e eles teriam podido -- último índice do Viver-Junto -- 'conversar'. Freud tinha então vinte anos, Nietzsche tinha trinta e dois, Mallarmé trinta e quatro e Marx cinqüenta e seis. (Poderíamos nos perguntar qual é, agora, o mais velho). Essa fantasia da concomitância visa a alertar sobre um fenômeno muito complexo, pouco estudado, parece-me: a contemporaneidade. Com quem é que eu vivo? O calendário não responde bem. É o que indica nosso pequeno jogo cronológico -- a menos que eles se tornem contemporâneos agora? A estudar: os efeitos de sentidos cronológicos (cf. ilusões de óptica). Desembocaríamos talvez neste paradoxo: uma relação insuspeita entre o contemporâneo e o intempestivo -- como o encontro de Marx e Mallarmé, de Mallarmé e Freud sobre a mesa do tempo."
BARTHES, Roland. Como viver junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp. 11-12.

terça-feira, junho 24, 2008

Goethe, Brecht, Kant, Schiller, Marx, Arendt...


Monumento berlinense criado em 2006 em comemoração à invenção da prensa mecânica por Gutenberg, aproximadamente em 1445.

sexta-feira, junho 20, 2008

Imagens de um Discurso Amoroso


Caspar David Friedrich, Mar de gelo, 1824.


"Uma pintura romântica mostra sob uma luz polar um amontoado de destroços gelados; nenhum homem, nenhum objeto habita esse espaço desolado; mas, por isso mesmo, por pouco que eu esteja dominado pela tristeza amorosa, esse vazio incita a que eu nele me projete; vejo-me como um boneco, sentado num daqueles blocos, irremediavelmente abandonado. 'Estou com frio, diz o amante, vamos embora," mas não há nenhum caminho, o barco está despedaçado. Há um frio peculiar do amante: frialdade própria dos filhotes (do homem, do animal) que têm necessidade do calor materno."
BARTHES, Roland. "As imagens," in Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 212-213.

Alma Danada, por Bernini


Gianlorenzo Bernini, Alma danada, 1619.

terça-feira, junho 17, 2008

Don Juan, o anti-Werther


Don Juan, em cena do filme "O olho do diabo. Dir.: Ingmar Bergman, 1960.

"O amor à la Don Juan é um sentimento no gênero do gosto pela caça. É uma necessidade de atividade que deve ser despertada por objetos diversos, colocando em dúvida incessantemente o talento.
O amor à la Werther é como o sentimento de um estudante que faz uma tragédia, e mil vezes melhor; é uma nova meta na vida, com que tudo se relaciona, e muda a face de tudo. O amor-paixão lança aos olhos de um homem toda a natureza em seus aspectos sublimes, como uma novidade recém-inventada. Ele supreende-se por jamais ter visto o espetáculo singular que se desvela à sua alma. Tudo é novo, tudo é vivo, tudo respira o interesse mais apaixonado. Um amante vê a mulher amada na linha de horizonte de todas as paisagens encontradas e, viajando cem léguas para entrevê-la por um instante, cada árvore, cada pedra fala-lhe da amada de uma forma diversa e revela-lhe algo novo, ao som de um mágico espetáculo. Em vez desse espetáculo, Don Juan precisa que os objetos exteriores, que para ele só têm preço pelo seu grau de utilidade, sejam-lhe dados de forma picante, por alguma intriga nova."
STENDHAL. "Werther e Don Juan," capítulo 59, in Do amor. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 187.

segunda-feira, junho 16, 2008

Street Art, Tate, Londres, 23 mai a 25 ago 2008


Os Gêmeos, Fachada da Tate Gallery, Londres, 2008.

Para ver o site da exposição, clique no título deste post.

Do Amor, Stendhal

Toda ação do amante termina em pensar na pessoa amada.
STENDHAL. "Código de amor no século XII," in Do amor. Porto Alegre: L&PM, 2007, p. 260.

quinta-feira, junho 12, 2008

A arte de escrever, por Arthur Schopenhauer

"A presença de um pensamento é como a presença de quem se ama. Achamos que nunca esqueceremos esse pensamento e que nunca seremos indiferentes à nossa amada. Só que longe dos olhos, longe do coração! O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito, assim como a amada pode nos abandonar se não nos casamos com ela."
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2008, p. 52.

sábado, junho 07, 2008

Amor Intelectual


Cena do filme "O testamento de Orfeu," 1959, Direção: Jean Cocteau