O Goethe-Institut convida para o ciclo de palestras
PENSAMENTO ALEMÃO NO SÉCULO XX
Grandes protagonistas e recepção no Brasil
A Alemanha encontra-se no centro da história do século XX, afirma o historiador inglês Eric Hobsbawm. Com razão, pois a Alemanha, como nenhum outro país europeu nesse século, produziu e sofreu momentos altos e baixos, no ponto de intersecção de processos históricos universais, acompanhados por pensadores extraordinários, que marcaram profundamente a história do pensamento e, à medida que articulavam situações fundamentais do homem moderno, projetavam teorias críticas da sociedade e formulavam utopias, tornaram-se conhecidos muito além do seu país. Eles devem ser medidos pela sua própria grandeza, pois, como Nietzsche escreveu, “esse é o trabalho peculiar de todo grande pensador: ser legislador da medida, moeda e peso das coisas.“
Esse é o ponto de partida deste ciclo de palestras. Ele reúne grandes intelectuais brasileiros, que lançam um olhar sobre onze pensadores de língua alemã do século XX: Carl Schmitt, Ernst Bloch, Hannah Arendt, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, Martin Heidegger, Max Weber, Niklas Luhmann, Sigmund Freud, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin.
Os palestrantes –Carlos Eduardo Jordão Machado, Gabriel Cohn, Gilberto Bercovici, Isabel Loureiro, Jeanne Marie Gagnebin, Jorge de Almeida, Jorge Grespan, Marcos Nobre, Renato Mezan, Vladimir Safatle e Zeljko Loparic– apresentarão os perfis desses pensadores e falarão de sua importância na história do pensamento, sua recepção no Brasil e a continuação de suas teorias, críticas e utopias no pensamento brasileiro.
A escolha dos pensadores aqui enfocados baseou-se em critérios pragmáticos. Um segundo ciclo, a ser realizado futuramente, incluirá outros tantos grandes pensadores de língua alemã, entre eles Wittgenstein, Lukács, Horkheimer, Jaspers, Gadamer e Fromm.
O ciclo pretende contribuir para a atualidade e a capacidade orientadora de posições intelectuais num mundo cada vez mais complexo e confuso, atribuindo ao pensamento a qualidade formulada pelo Galileu de Brecht na peça homônima: “Pensar é um dos maiores prazeres da raça humana.“
A programação se estenderá até 26 de novembro, com entrada franca:
17 de setembro, 19h: Max Weber (1864-1920)
Palestra: A Ética do Capitalismo | Gabriel Cohn (USP)
24 de setembro, 19h: Martin Heidegger (1889-1976)
Palestra: Fundamentos da Existência | Zeljko Loparic (PUC-SP)
1º de outubro, 19h: Herbert Marcuse (1898-1979)
Palestra: Reificação da Sociedade e Unidimensionalidade do Homem – Herbert Marcuse e a Crítica da Sociedade Capitalista Avançada | Isabel Loureiro (Instituto Rosa Luxemburg Stiftung)
8 de outubro, 19h: Carl Schmitt (1888-1985)
Palestra: A Tentativa de Uma Revolução Conservadora | Gilberto Bercovici (USP / Mackenzie)
15 de outubro, 19h: Walter Benjamin (1892-1940)
Palestra: Estética e Experiência Histórica | Jeanne Marie Gagnebin (PUC-SP / Unicamp)
22 de outubro, 19h: Ernst Bloch (1885-1977)
Palestra: Do Espírito da Utopia ao Princípio Esperança | Carlos Eduardo Machado Jordão (Unesp)
29 de outubro, 19h: Hannah Arendt (1906-1975)
Palestra: A Banalidade do Mal | Jorge Grespan (USP)
5 de novembro, 19h: Sigmund Freud (1856-1939)
Palestra: O Domínio do Inconsciente | Renato Mezan (PUC-SP)
12 de novembro, 19h: Theodor W. Adorno (1903-1969)
Palestra: Não Existe Vida Correta na Falsa | Vladimir Safatle (USP)
19 de novembro, 19h: Niklas Luhmann (1927–1998)
Palestra: A Teoria dos Sistemas Sociais de Niklas Luhmann | Marcelo Neves (PUC-SP / IDP)
26 de novembro, 19h: Jürgen Habermas (*1929)
Palestra: A Teoria Social de Jürgen Habermas | Marcos Nobre (Unicamp)
Goethe-Institut São Paulo
Rua Lisboa, 974 – Pinheiros – 11 3088-4288
quinta-feira, setembro 13, 2007
Um Sistema Visual Brasileiro?
O propósito do seminário é o de investigar as transformações ocorridas nas linguagens visuais do Brasil num horizonte histórico amplo; portanto sem se prender a perspectivas autorais ou a manifestações estilísticas, consideradas em si ou isoladamente. De modo análogo, considera-se a cultura como esfera de simbolização geral, em situação de interação com outros processos da vida social.
O projeto do seminário parte da hipótese de que as artes visuais brasileiras vêm a alcançar na década de 1950 um patamar inédito de aglutinação e longevidade das experiências artísticas, em contraposição a um quadro endêmico de ecletismo e volubilidade, consoante à tradição cultural das nações periféricas.
As correntes do abstracionismo geométrico funcionaram como o núcleo inicial de formação de um sistema visual brasileiro moderno. A unidade dialética das concepções distintas ou opostas de arte e cultura nasceu à luz da vontade comum de modernizar e desenvolver o país. E ela se transformou qualitativamente ao longo deste processo em consciência crescente da problemática do subdesenvolvimento, principalmente a partir do golpe militar de 1964.
Deste modo, o processo de crítica e transformação dos paradigmas visuais, que leva da fundação dos grupos Ruptura e Frente à constituição programática da arte concreta e da arte neoconcreta, ao longo da década de 1950, e na década de 1960, à Nova Figuração e à Nova Objetividade, como ainda até distintos movimentos artísticos na década de 1970, assinala a consolidação de uma “causalidade interna”, a duras penas delineada em meio aos avatares da história do país.
Noutras palavras, a chave de constituição da causalidade interna, mediante a qual, na definição Antonio Candido, a produção das obras é influenciada “não por modelos estrangeiros imediatos, mas por exemplos nacionais anteriores”, consiste na articulação entre as artes visuais e a consciência da problemática do subdesenvolvimento.
A tônica dominante se mostra bem outra desde o início da década de 1980. A tendência pró-capitalista predomina e permeia todos os setores da vida social e simbólica. A lógica deste ponto de vista é a de que não existe alternativa ao capitalismo e à “globalização”, ou a de que o “mercado” constitui a única realidade possível. Concomitantemente entraram em desuso as práticas de reflexão histórica. O fim do ciclo histórico da arte moderna ou das vanguardas, que no Brasil constituíram fenômenos tardios, vigentes até a década de 1970, foi acompanhado pelo fim da esfera simbólica e social da crítica.
Uma nova questão se delineia neste quadro, relativamente à perspectiva posta anteriormente, acerca da formação de um sistema visual brasileiro: como as esferas da cultura e das artes – que antes pareciam em rota de colisão com a modernização conservadora – vieram a ser abrangidas e incluídas nesta última?
Para ter acesso à programação do seminário clique no título deste post.